Friday 11 September 2009

O hidalgo

Dias atrás minha esposa me perguntou: “Qual o melhor livro que você já leu?” Emendei, quase que sem pensar e já orgulhoso da minha convicção: “Don Quixote.”

O livro de Miguel de Cervantes foi escolhido como o melhor de todos os tempos, um deus onipresente que das alturas cruza gerações com um encanto inabalável. Dizem alguns que o livro é uma apologia a loucura, por isso – e por outras, quem sabe? – não merece tamanha honraria. Ridículo.

Don quixote é uma apologia ao sonho, uma obra de virtudes inigualáveis; cômica, de ação, por vezes dramática, cristã até. Mas nunca, jamais, desinteressante. A famosa passagem dos moinhos de vento, confundidos com gigantes, dá o debut das aventuras. Outra, com uma narrativa belíssima, é a do discurso de comparação entre os homens de letras e os homens das armas. Sancho Panza e sua relação de descrença e amor por Don Quixote, a fictícia deusa grega Dulcinea del Toboso, o cavalo Rocinante, a família Panza. Ao longo do livro os ditados populares são uma atração à parte.

Lembro de uma frase de outrora de que um livro que não merece uma segunda leitura não é digno de ser lido nem a primeira vez. Nelson Rodrigues costumava dizer que os livros foram feitos para serem lidos e relidos e relidos. Com tanta coisa para se ler e tão pouco tempo disponível, só um merecimento incontestável, este dedicado aos grandes, para fazer jus a releitura. Don Quixote se alça triunfante no prazer de repetir. Um ícone quase que solitário.

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